65 - Geopolítica do Petróleo

PETRÓLEO NO ORIENTE MÉDIO

Quando falamos em petróleo, pensamos logo nos países árabes – principais produtores de petróleo no mundo e onde está localizado cerca de 30% da produção mundial. Além de considerarmos o seu maior consumidor atualmente, os Estados Unidos. Todavia, para compreendermos como a configuração da geopolítica do petróleo chegou as suas vias atuais, é necessário saber o princípio das disputas pelo controle das jazidas e da circulação do óleo negro.


Oriente Médio, a peça principal

No final do século XIX, os países europeus, principalmente as duas principais potências do velho continente – Inglaterra e França – buscavam ampliar seus mercados, além das áreas para obtenção de matéria-prima. A necessidade de abastecer os centros urbanos-industriais avançavam em ritmo acelerado, fazia dos dois países grandes atores na disputa pelas fontes de energia.


Reservas de Petróleo mundiais (Foto: Reprodução)

O Oriente Médio, mais especificadamente o Golfo Pérsico, foi uma região de intensas disputas e influências dos dois países. É nesse contexto, que o imperialismo vai originar/aprofundar as disputas territoriais e rivalidades étnico-culturais que vimos atualmente (Irã, Iraque, Catar etc). Novas linhas fronteiriças são originadas conforme as necessidades de se obter as jazidas de petróleo e manter o controle das novas colônias/protetorados, alterando a política dos países locais, atuando diretamente em seus governos.


Canal de Suez – o caminho do óleo para Europa e América
Enquanto o petróleo na segunda metade do século XIX, tornava-se a principal fonte energética do mundo, Inglaterra e França já construíam o caminho de escoamento do óleo no Golfo Pérsico em direção ao Mediterrâneo. O Canal de Suez, localizado no Egito seria a porta de saída dos petroleiros e de outros navios que necessitassem fazer esta viagem, que antes duravam meses, pois havia a necessidade de contornar o continente africano.

EUA E ENERGIA



Durante a segunda metade do século XIX até a Segunda Guerra Mundial, Inglaterra e França controlavam a partir de empresas e também ações políticas, as principais fontes de petróleo no Golfo Pérsico, além do Canal de Suez, o caminho mais curto para Europa. Contudo, após 1945, o aumento exponencial de seu poder e também das suas ações geopolíticas - ligadas principalmente ao controle marítimo - fez os Estados Unidos tomarem a frente no que tange a influência nos governos locais e na tomadas de decisões no Oriente Médio. Além da entrada de empresas norte-americanas do ramo petroquímico nas nações desta região. A consequência foi o início de diversos conflitos ao longo da segunda metade do século XX, como as intervenções no Iraque e Kwait e mais recentemente na Líbia (2011), com a queda do ex-ditador Muamar Kaddafi.


Essa estratégia era essencial por dois motivos: primeiro a necessidade de manter o crescimento industrial e urbano em ritmo acelerado, pois, nesse momento, os EUA passaram a ser a maior economia do mundo. Em segundo lugar, logo após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se a chamada Guerra Fria, um embate ideológico, político e econômico com a então União Soviética. O controle da área do Golfo Pérsico era uma estratégia para evitar o avanço do comunismo para o restante da Ásia e das riquíssimas áreas energéticas.


Guerra do Yom Kippur e a Crise do Petróleo
Em outubro de 1973, Israel, Egito e Síria, mexeram no mercado de petróleo. No auge da Guerra Fria, um conflito veio de encontro às duas potências mundiais da época, pois Israel era aliado dos americanos, enquanto a Síria dos soviéticos.


Israel havia tomado territórios dos demais países (Egito e Síria) na Guerra dos Seis Dias em 1967. Como contra-ataque, cinco anos depois, no feriado do Yom Kippur, Egito e Síria atacaram Israel durando vinte dias de guerra, levando países membros da OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo) a boicotar estados aliados de Israel, bloqueando a produção de petróleo e elevando exponencialmente o seu valor. Os Estados Unidos interferiram diretamente no conflito para que o preço voltasse à normalidade.

Evolução no preço do barril de petróleo (Foto: Reprodução)



PETRÓLEO NA ATUALIDADE



Desde a Revolução técnico-científico informacional na década de 70, a produção e extração de petróleo aumenta ano após ano, devido às novas regiões do planeta que passaram pelo processo de industrialização acelerado e que vêm se mantendo até o momento, como no caso do sudeste asiático, em particular a China. Com novos atores no tabuleiro geopolítico, as forças pelo controle das reservas de petróleo no Oriente Médio e também em outras localidades – como na África – aumentaram.


Para confrontar o poderio militar e político dos países centrais – leia-se EUA e potências da Europa –, um grupo de países em 1960 formou uma aliança/cartel denominada OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo), essa organização vincula diversos Estados do Golfo Pérsico (Árabia Saudita, Catar, Kwait, Irã, Iraque e Emirados Árabes Unidos), da África (Angola, Argélia, Nigéria e Líbia) e da América do Sul (Equador e Venezuela). Esse grupo de produtores de petróleo influenciaram de maneira global o preço do barril, indo na contramão das chamadas “Sete Irmãs” (transnacionais do setor petroquímico que até então controlavam as reservas e o preço baixo do barril). Além disso, há a atual Rússia, que controla grande quantidade de poços na Eurásia, e entra no embate direto com EUA.


Essa jogada geopolítica alterou toda uma articulação política em torno desses países, já que eles passaram a determinar os preços e assim, influenciar diretamente na economia nacional de cada país que necessitava do óleo – EUA e países da Europa Ocidental.


Dessa forma, chegamos à configuração atual do jogo, onde há duas frentes: os países produtores tentando aumentar o preço dos barris e em muitos casos, diminuindo o ritmo de produção para que a demanda seja maior que a oferta (valorizando essa commodities no mercado internacional) e os países que demandam o óleo – EUA, os países da Europa Ocidental e outros emergentes como China e Índia, buscam tanto na intervenção militar – no caso dos EUA – como também acordos bilaterais para manter o fornecimento ininterrupto e com preços baixos.

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