Sistema de transporte brasileiro
Devido à sua grande extensão territorial, o Brasil necessita de uma rede de transportes articulada e eficiente para ligação entre os pontos do seu território. Quando pensamos em transporte no Brasil é impossível não lembrar do trânsito que enfrentamos todos os dias no caminho para a escola, ou para o trabalho. Mas, o sistema de transporte não move apenas as pessoas. O sistema de transporte brasileiro também é responsável pelo transporte de mercadorias.
Figura 1: Juscelino Kubitschek apresentando a construção de novas rodovias na década de 50. Fonte: https://cpdoc.fgv.br
Sistema de Transporte no Brasil
Transporte de mercadorias
Por muito tempo, o transporte de mercadoria dentro do Brasil ocorreu por meio de ferrovias. Porém, estas não percorriam todo o território brasileiro. Isso fazia com que alguns produtos não chegassem até determinadas partes do país, ou se chegassem, precisavam encarar o transporte rodoviário, que não era dos melhores.
Com o passar dos anos, o transporte ferroviário foi praticamente abandonado e as rodovias passaram a ser priorizadas. A priorização da estruturação do sistema rodoviário teve como marco principal o Governo JK (Juscelino Kubitschek). Nesse período, os investimentos para abertura de novas rodovias que percorressem todo o país foram de bastante importância.
Transporte rodoviário
Responsável por afetar diretamente o dia a dia da população brasileira, o transporte rodoviário recebeu investimentos por conta do transporte de mercadorias. Além disso, o investimento em novas vias também tinha o intuito de gerar mercado para a indústria automobilística no país.
A principal intenção em relação à entrada da indústria automobilística no sistema de transporte brasileiro, era de criar polos de produção automobilística para que a geração de empregos fosse ampliada. Já que na época, grande parte do trabalho industrial ainda necessitava do trabalho humano, diferente da atualidade.
A implantação das rodovias ocorreu também para estabelecer a ligação entre as diferentes regiões do território brasileiro, já que a concentração de serviços e investimentos acontecia em maior parte no litoral do território. Os investimentos para interiorização das rodovias acontecem junto com a construção de Brasília, onde inicia-se a necessidade de maior conexão com a nova capital.
As rodovias brasileiras são alvo de muitas críticas, pois além de seu mal funcionamento, o transporte rodoviário não é dos mais eficazes para países de grande extensão territorial, como o Brasil. Além de não ser eficaz, o transporte rodoviário possui um alto custo de manutenção se comparado por exemplo com os transportes hidroviário e ferroviário.
Mesmo com uma grande quantidade de rodovias, o transporte rodoviário do Brasil é ruim por conta da grande quantidade de estradas sem pavimentação e sem manutenção. Quando há manutenção não é o suficiente, pois as rodovias brasileiras estão saturadas por conta do alto fluxo diário de veículos (de todos os portes). Além disso, o material utilizado para revitalização de estradas (ou abertura de novas) não é próprio para os climas brasileiros.
Figura 2: Asfalto da rodovia Transamazônica após chuva forte.
Transporte ferroviário
Predominante até o século XIX, o transporte ferroviário no Brasil teve seu auge durante o período do café, concentrando-se em maior parte na região sudeste do país.
Ainda hoje, é possível encontrar ferrovias em construção no Brasil, porém as obras encontram-se paradas e abandonadas, sem previsão de finalização. Como exemplo de ferrovia em construção temos a Ferrovia Norte-Sul, que apesar de já funcionar em alguns trechos, encontra-se inacabada.
As ferrovias que ainda operam no Brasil possuem somente a função de transporte de mercadorias. Já que na década de 90, a privatização das ferrovias foi disparada, passando a atender interesses de grandes produtores e fazendo com que a concentração de ferrovias se mantivesse nas regiões sudeste e sul
Apesar de possuir alto custo de construção, ao contrário das rodovias, as ferrovias possuem um baixo custo de manutenção.
Figura 3: Mapa ferroviário de São Paulo representando a concentração de ferrovias no sudeste brasileiro. Fonte: https://www.skyscrapercity.com
Transporte hidroviário
Mesmo abrigando uma grande quantidade de bacias hidrográficas e possuir uma extensa região litorânea ao leste do país, o transporte hidroviário possui uma pequena participação como meio de deslocamento no Brasil.
Critica-se no Brasil a preferência pelo transporte rodoviário em áreas onde o transporte hidroviário poderia ser o principal. Como por exemplo, a construção da rodovia Transamazônica, em uma região onde os rios possuem potencial para navegação.
Figura 4: Construção da rodovia Transamazônica.
Utiliza-se como argumento para a falta de investimentos nas hidrovias, a existência de muitos rios em áreas de relevo acidentado, onde os investimentos em obras de correções seriam altos. Porém, o motivo é puramente econômico, as áreas onde os rios são mais navegáveis, são áreas que não estão incluídas na categoria de grandes centros econômicos.
Com a criação do Mercosul, nos anos 80, as hidrovias passaram a ser utilizadas para integração com os demais países da América do Sul, elevando o investimento neste tipo de transporte, porém, continuando mínimo.
Por fim, podemos concluir que o Brasil necessita de um sistema de transporte mais diversificado, com investimentos em outros tipos de transporte que não sejam o rodoviário. Com o investimento em outros modos de locomoção, as rodovias se tornariam menos saturadas e poderia se iniciar no Brasil um sistema integrado, onde as opções seriam maiores e os problemas reduzidos.
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Questões sobre o sistema de transporte no Brasil
(UFSC/2019)
Após crescerem dez vezes em 70 anos, cidades têm de melhorar mobilidade
Segundo o IBGE, em 1950, um terço dos brasileiros moravam em cidades. De 1950 até 2018, a população urbana decuplicou, partindo de 18 milhões para atingir 180 milhões. Talvez nem mesmo o fluxo migratório atual do Oriente Médio e da África para a Europa tenha impacto semelhante ao que o Brasil sofreu nos últimos 70 anos. A tensão social só não foi maior porque o país teve crescimento econômico. Não houve planejamento urbanístico que desse conta do impacto da urbanização vertiginosa. Como resultado, as cidades têm problemas em todas as áreas. Não poderia ser diferente na mobilidade: São Paulo e outras capitais se tornaram símbolos de trânsito caótico, poluição alarmante, deslocamento entre casa e trabalho que demora horas e transportes coletivos lotados.
Disponível em: <https://temas.folha.uol.
com.br/e-agora-brasil-transporte-urbano/
falta-de-planejamento/apos-crescerem-dez
-vezes-em-70-anos-cidades-temde- melhorar-
mobilidade.shtml>. Acesso em: 29 ago. 2018.
A respeito do processo de urbanização e mobilidade no Brasil, é correto afirmar que:
a eficiência da mobilidade urbana brasileira é consequência de decisões governamentais que optaram pelo equilíbrio no uso da rodovia, da ferrovia e da hidrovia.
os trilhos ajudam a aliviar a pressão sobre as ruas, pois o ritmo de crescimento da malha metroviária no país alcançou os anseios da população.
no pós-guerra, houve um grande crescimento da indústria automobilística e o carro era símbolo da mobilidade individual em muitos países, incluindo o Brasil; com o passar do tempo, no entanto, ele virou o principal responsável pela imobilidade urbana em razão do crescimento dos congestionamentos.
atualmente, nos grandes centros urbanos, os agentes públicos passaram a priorizar o uso de bicicleta, a reduzir as tarifas dos transportes públicos e a estabelecer o rodízio de carros no planejamento urbano em todas as capitais brasileiras.
o aumento da concentração de poluentes na atmosfera nos centros urbanos é causado pelo lançamento de partículas geradas, sobretudo, pela queima dos combustíveis dos veículos; doenças cardíacas e respiratórias têm sido associadas à presença de partículas poluentes nos pulmões e na corrente sanguínea dos habitantes dos grandes centros urbanos, segundo a Organização Mundial da Saúde.
apesar da presença do transporte público eficiente nos grandes centros urbanos brasileiros, o número elevado de automóveis nas ruas e avenidas das cidades ocorre pela necessidade de percorrer grandes distâncias até o local do trabalho.
a verticalização característica dos grandes centros urbanos, uma alternativa encontrada para o adensamento populacional, quando feita sem planejamento influencia diretamente o aumento do trânsito de automóveis.
Gab: 84
(ENEM-2012) A soma do tempo gasto por todos os navios de carga na espera para atracar no porto de Santos é igual a 11 anos – isso, contando somente o intervalo de janeiro a outubro de 2011. O problema não foi registrado somente neste ano. Desde 2006 a perda de tempo supera uma década.
Folha de S. Paulo, 25 dez. 2011 (adaptado).
A situação descrita gera consequências em cadeia, tanto para a produção quanto para o transporte. No que se refere à territorialização da produção no Brasil contemporâneo, uma dessas consequências é a
a) realocação das exportações para o modal aéreo em função da rapidez.
b) dispersão dos serviços financeiros em função da busca de novos pontos de importação.
c) redução da exportação de gêneros agrícolas em função da dificuldade para o escoamento.
d) priorização do comércio com países vizinhos em função da existência de fronteiras terrestres.
e) estagnação da indústria de alta tecnologia em função da concentração de investimentos na infraestrutura de circulação.
Gab: C
(UECE/2015) Com relação à estruturação da rede de transportes no território brasileiro, assinale a opção INCORRETA.
a) Existe uma baixa densidade da malha ferroviária no País, sobretudo no que diz respeito ao transporte de passageiros.
b) O sistema rodoviário, considerado o principal sistema logístico modal do País, apresenta rodovias em boas condições, sobretudo aquelas que estão administradas pelo setor público.
c) O setor hidroviário, de grande importância para este tipo modal, consegue transportar grandes quantidades de mercadorias com baixo impacto ambiental. Seus trechos mais importantes estão situados no sudeste e no sul do País.
d) Os efeitos operacionais da reforma portuária no Brasil residem no aumento da produtividade dos portos, possibilitado pelos investimentos setoriais e alocação de recursos do governo federal para a construção de novas instalações portuárias.
Gab: B
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