47 - Um boom nas exportações brasileira


A partir da década de 1990, demandas crescentes e políticas macroeconômicas de estabilização, como controle da inflação e taxas de câmbio mais realistas, impulsionaram ainda mais o crescimento do setor agrícola, que passou a ser o principal responsável pelo superávit da balança comercial brasileira. Entre 1990 e 2017, o saldo da balança agrícola do País aumentou quase dez vezes, alcançando, neste último ano, US$ 81,7 bilhões, valores que têm contribuído para o equilíbrio das contas externas do país. 
A organização e o intenso processo de modernização das cadeias produtivas do agronegócio fizeram com que os elos anteriores e posteriores às atividades agrícolas, como os de produção de insumos, processamento e distribuição, apresentassem importância cada vez maior no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2016, o agronegócio como um todo foi gerou 23% do PIB e 46% do valor das exportações. Em 2017, o setor foi responsável por 19 milhões de trabalhadores ocupados. Agroindústria e serviços empregaram, respectivamente, 4,12 milhões e 5,67 milhões de pessoas, enquanto 227,9 mil pessoas estavam ocupadas no segmento de insumos do agronegócio. 
O QUE EXPLICA ESTE SALTO NA AGRICULTURA? 

A trajetória recente da agricultura brasileira é resultado de uma combinação de fatores. O cenário para isto é um país com abundância de recursos naturais, com extensas áreas agricultáveis e disponibilidade de água, calor e luz, elementos fundamentais para a vida. Mas o que fez a diferença nestes últimos 50 anos foram os investimentos em pesquisa agrícola - que trouxe avanços nas ciências, tecnologias adequadas e inovações -, a assertividade de políticas públicas e a competência dos agricultores. 

O caso da cultura da soja é um bom exemplo de como a tecnologia pode transformar a produção agropecuária. Os primeiros cultivos comerciais surgiram na década de 1960, no Rio Grande do Sul, especialmente por uma razão climática: a soja é uma planta de regiões frias e os cultivos no mundo se limitavam às proximidades do paralelo 30, que no Brasil passa por Porto Alegre. Cultivar soja em outras regiões do país era um desafio biológico e tecnológico. 

As respostas surgiram depois de anos de pesquisas realizadas pela Embrapa, por universidades, por instituições estaduais de pesquisa agropecuária e, mais tarde, pela iniciativa privada. Com técnicas de melhoramento genético, foram desenvolvidas plantas de soja adequadas às condições de solo e clima do Brasil. Eram cultivares menos sensíveis aos dias longos e mais tolerantes às pragas do mundo tropical. 

Outra contribuição radical tem relação com correção e adubação de solos. As pesquisas apontaram os caminhos para otimizar o uso de corretivos e de fertilizantes, permitindo o plantio nos solos de Cerrados, até então considerados improdutivos. Foi justamente nessas áreas que a soja ganhou terreno na agropecuária nacional. 

De fato, o uso de fertilizantes se tornou um elemento-chave (estima-se que apenas os fertilizantes nitrogenados sejam responsáveis pelo incremento de cerca de 40% na oferta de alimentos no mundo), mas gerou também um problema para o país: a dependência de importações. O Brasil passou a consumir muito mais fertilizantes do que a quantidade produzida internamente. A resposta da pesquisa: uma tecnologia para fixar o nitrogênio do ar nas raízes das plantas por meio de bactérias, a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), presente hoje em 75% da área cultivada de soja e responsável por uma economia da ordem de R$ 2 bilhões por ano em compra de fertilizantes nitrogenados. A FBN contribui ainda para a redução do consumo de energia e das emissões de gases de efeito estufa. 

Um estudo da ONU prevê que até 2050 será necessário aumentar a produção de alimentos em cerca de 70%, muito acima da capacidade atual de todos os países, em torno de apenas 10%, se mantido o ritmo atual. Será necessário, portanto, intensificar agricultura, e o Brasil terá um papel de destaque na superação desse desafio – ou seja, encontrar soluções sustentáveis para multiplicar a produtividade sem aumentar a área plantada.

Nesse sentido, o Brasil desfruta de uma grande vantagem geográfica: localiza-se nas faixas tropical e subtropical do planeta, praticamente as únicas que permitem a intensificação da agricultura pelos métodos convencionais. Além disso, o país ainda possui extensas áreas que podem ser aproveitadas para o plantio sem atingir matas e florestas. Esses e outros fatores projetam um futuro ainda mais promissor à agricultura brasileira.

Fonte: Embrapa e Bayer Jovem

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